Por José Davi Furlan, Colunista do Blog Lecom
O problema das organizações não é a tecnologia do século XXI que utilizam, mas as práticas de gestão do século XX (e também do século XIX) que ainda empregam. Muitas vezes as organizações têm buscado perpetuar modos obsoletos por meio de tecnologias melhoradas.
De acordo com pesquisas nos EUA e Brasil, em torno de 80% dos colaboradores estão infelizes no trabalho. De outro lado, 64% dos clientes estão infelizes ou indiferentes com suas experiências de consumo. Então, que organizações são essas que estamos criando? Em que os colaboradores estão infelizes, os clientes estão infelizes e o meio ambiente ainda é destruído.
Estamos obcecados por gerar PIB em vez de melhorar a qualidade de vida! Se isso valia para o século XX, não vale mais para o século XXI. Em geral, organizações públicas e privadas têm adotado uma estratégia de negar ação e transferir para longe os problemas atuais; buscam garantir retornos sólidos hoje condenando o futuro.
Muitas organizações não sabem por que existem (o processo de identificação da missão se deteriorou ao ponto de se tornar um exercício de redação de slogan), qual é seu retrato do futuro, que legado pretendem deixar, quem são seus clientes e que valor entregam. Não acompanharam as transformações da sociedade e o único foco é arrecadar, lucrar, gerar circulação financeira. Buscam fabricar remédios, mas esquecem que a verdadeira riqueza é não precisar de remédios.
No mercado existem organizações “contadoras de história” e as “fazedoras de história”. As que contam histórias se concentram em propaganda empurrando uma mensagem de que o caminho para a felicidade passa por adquirir cada vez mais seus produtos e serviços. Quando se busca dinheiro e poder, em vez de um valor genuíno a oferecer, o ilusionismo é uma poderosa ferramenta. Muitas organizações dizem “os clientes em primeiro lugar”, mas na realidade, o que é medido e recompensado é o dinheiro que entra na organização, não o cuidado com os clientes.
Estamos nos deslocando da era dos “produtos e serviços” para a era da “experiência do cliente” na qual produtos e serviços são apenas “meios” para obter a experiência. O que as pessoas consomem conta uma história, quando dizem “preciso de um refrigerador” buscam, na realidade, “cerveja gelada e conservação de alimentos”.
Produtos ou serviços são meios para alcançar objetivos e não fins em si próprios – são as organizações com pensamento de dentro para fora (inside out) que acreditam que produtos e serviços são fins em si próprios. A maioria das organizações, no entanto, continua vendendo produtos e serviços, o marketing fazendo publicidade de produtos e serviços e o PIB se baseando em produtos e serviços.
Praticamente tudo que existe no meio organizacional e econômico é focado nos “meios” e no sentido monetário e não nos fins e na geração da verdadeira riqueza. A estrutura mental está obsoleta. Assim, gostaríamos de deixar o convite aos gestores que estudem menos história da administração e mais como construir organizações baseadas em novos paradigmas.Mudem paradigmas. Contamos com os senhores.
José Davi Furlan apresentará esse tema no BPM Global Trends, evento da ABPMP Brasil que ocorrerá dias 15 e 16/09/2014 em Brasília (foco em Gestão Pública) e 17/09/2014 em São Paulo (foco em iniciativa Privada).
Acesse o link para mais informações: http://www.bpmglobaltrends.com.br/seminarios/