É realmente desafiante para uma mulher atuar com Tecnologia da Informação? Afinal, existe um ambiente inóspito e hospital nesse universo predominantemente masculino?
Claro, os homens não são monstros e ninguém será caçado nessa selva de pedras que é o mercado de trabalho. Porém é fato que há desigualdade de cargos e salários entre homens e mulheres. A problemática é mundial, como vemos nas metas da Organização das Nações Unidas (ONU) que determinam a todos os países membros reduzirem as diferenças de gênero no ambiente profissional.
No Brasil, apesar do número de mulheres representarem mais de 50% da população, a evolução feminina no mercado de trabalho vem acontecendo muito vagarosamente. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informam que a participação da população feminina no mercado de trabalho é bastante inferior à masculino. No ano 2000, 50,1% da população feminina tinha uma ocupação, enquanto os homens eram 79,7%. Em 2010, proporcionalmente 54,6% e 75,7%.
Além da diferença de participação no mercado, existe a diferença de salários entre homens em mulheres. Segundo o IBGE, entre 2012 e 2013 as brasileiras ganharam em média 25,8% a menos dos que os homens.
E na área da Tecnologia da Informação (TI), o perfil masculino é predominante como em tantas outras áreas de trabalho, isso não é diferente. Afinal, mesmo sendo um segmento em expansão, com demanda crescente de profissionais no mercado de trabalho, a frequência feminina nos cursos da área de exatas é de apenas 10%, Segundo dados do MEC (Ministério da Edução e Cultura) de 2013.
A somar a esses fatores negativos, vemos ainda que a independência profissional da mulher causa um desequilíbrio em sua vida pessoal. Cuidar dos filhos, da casa, e de tantas outras responsabilidades ficam, muitas vezes, somente sob sua gestão.
Porém, apesar de todas as dificuldades encontradas, as mulheres conseguem dedicar-se à educação, manter-se atualizadas, investem na carreira e estão conseguindo, gradativamente, mudar este cenário.
Como a quantidade de mulher na área de exatas é bastante restrita – isso já se inicia na graduação – isto escala para os outros níveis. Consequentemente, vemos poucas mulheres exercendo funções na área e uma parcela muito pequena alcança cargos de gestão de projetos ou de lideranças dentro da equipe.
O que vem ajudando a quebrar esse paradigma é a busca por especializações. O mercado está extremamente competitivo e a capacidade de entregar resultados tornou-se necessidade diária. E isso não é gênero que define.
A quebra desse paradigma já está acontecendo. Vemos na Lecom Tecnologia, por exemplo, onde temos diversas mulheres exercendo cargos diversos dentro da equipe, inclusive de gestão e liderança.
Precisamos ter em mente que o gênero não entrega resultado. É o profissional que faz a diferença, independente de quem ele é. E para nós, mulheres, precisamos lembrar que apesar de todos os obstáculos e dificuldades, o perfil feminino utiliza-se destes pesares como fonte motriz da geração de sua garra e sabedoria para destacar-se no mercado de trabalho. A exemplo disto, temos as palavras de Marissa Mayer, vice-presidente de Pesquisa de Produtos e Desempenho dos Usuários no Google:
“Conviver e aprender a viver em um ambiente que era totalmente masculino requer das inteligentes, líderes, ágeis e hábeis mulheres, coragem para desbravar o território e desenvolver suas competências sempre, porque é o que leva qualquer profissional a ter crescimento na carreira.
A vida profissional é importante para a mulher, tanto como a vida pessoal. As mulheres não estão somente no mercado de TI porque a remuneração é boa ou porque competem em mais uma fatia do mercado com os homens. As mulheres na área de TI vêm para mostrar que técnica e macetes são coisas que se adquire com o aprendizado, que para gerenciar a área é necessário sabedoria e discernimento, e ainda que solucionar problemas é algo que as motiva a evoluir.
Educação é a base de tudo e o aprendizado nunca foi obstáculo para elas, nem agora com o mercado de tecnologia da informação se expandindo e a concorrência ficando acirrada. O que vai diferenciar um bom profissional da área não é o sexo, mas sim a capacidade de encarar as coisas e olhar por um ponto de vista diferente. O sucesso está nas coisas, feitos e fatos inovadores e não está longe de quem batalha pelo que se quer.”
Dá para perceber que estamos superando os desafios, com coragem para vencer um mercado de trabalho tipicamente masculino.
Ao contrário de deixarmos nos levar pela submissão, estamos tirando proveito de qualidades inerentes a nós: sensibilidade, flexibilidade e habilidade para ouvir, ocupando posições de liderança e sendo cobradas por nossa competência e não pelo gênero ao qual pertencemos. Essa é a nossa evolução e ela depende muito de nós.
Artigo escrito em 2015 por:
Ana Andrea Ribacinko e Talita Carolina
Gerentes de Projetos na Lecom Tecnologia S/A