Muito recente, ainda em 2020, o INSTITUTO GARTNER em sua famosa publicação das Top 10 Technology Trends, nos ofereceu o singelo alerta: “a hiperautomação é inevitável e as organizações vão precisar identificar e automatizar todos os possíveis processos de negócio, utilizando as ferramentas certas e tornando as operações e processos mais ágeis para poder competir em um mercado cada vez mais focado em facilitar e entender as pessoas”.
Para aqueles que gostam de tecnologia e/ou gestão por processos, tal afirmação soa como música para os ouvidos. É basicamente a necessidade da aplicação sinérgica entre Pessoas, Processos e Tecnologia, traduzida em forma de demanda global e com uma chancela de renome, então bora lá colocar a mão na massa!
No entanto, deixada a euforia de lado, vamos seguir para a página 2, onde mora a realidade prática que traz consigo todos os desafios de qualquer iniciativa de automação de processos, por onde começamos a jornada de hiperautomação?
Por onde começamos a jornada de hiperautomação?
Respondendo a pergunta primariamente de um ponto de vista empírico sobre estratégia de gestão de projetos, em geral, duas abordagens possuem destaque, embora certamente não sejam as únicas.
A primeira e mais usual, segue na linha de começar pela escolha de um processo simples, que gere visibilidade, resultado e conhecimento instantâneos e que sirva tanto de parâmetro como de patrocínio para o ganho de escala incremental.
Por ser simples, os erros naturais da curva de aprendizagem são baratos e causam baixíssimo impacto. Já a segunda, se valendo de analogia, é como pular em uma piscina em dias frios: vai e se joga com tudo até que o ambiente fique naturalmente confortável!
Ou seja, é uma abordagem que inicia pela escolha de processos transversais entre distintas áreas sendo em alguns casos, o próprio processo core do negócio.
Pela multiplicidade de competências, especificidades, perfis etc., envolvidos na escolha desta abordagem, o ganho após um processo dessa magnitude ser transformado digitalmente é o aprendizado coletivo simultâneo e o choque cultural trazidos à mesa logo em primeira instância.
Evidente que esta opção é muito mais passível de tropeços e exige bastante tolerância a riscos, mas como regra primária do mundo corporativo, o tamanho do ganho sempre será proporcional ao risco assumido e afinal de contas, quem não gostaria já de largada gerar visibilidade holística dos ganhos da automação?
Mas, abordagens arrojadas ou conservadoras à parte, se a missão dada é “hiperautomatize” ou caia fora do jogo, é fundamental procurarmos também dentro da organização os núcleos com mais vocação e menos resistência para essa jornada de transformação, e se por acaso essa vocação for inata, ainda melhor!
Bem, o título deste artigo já deu implicitamente o spoiler de que estamos falando dos Centros de Serviços Compartilhados ou puramente CSC. Há aproximadamente 3 décadas, os CSCs começaram a ser implantados nas empresas com o objetivo de aumentar a eficiência operacional e reduzir os custos dos processos de backoffice.
Durante esse período, o modelo passou de amado a odiado por diferentes organizações, sendo mesclado com estruturas de offshore e outsourcing, mas como quase todos os modelos vigentes, a era digital acabou por alterar algumas regras básicas do jogo e se alguns tornaram-se completamente obsoletos, outros ganharam bastante expressividade.
O CSC na transformação digital
Segundo relatório global da PwC, Serviços Compartilhados – Foco na Digitização de 2019, com o advento da tecnologia nos CSCs, os processos transacionais prevalecem, porém, dão cada vez mais espaço para processos complexos baseados em conhecimento.
Na mesma linha, afirma que a solidez da automação dos processos está permitindo a mudança de escopo gradual dos CSCs de centros tradicionais de função única para o modelo GBS – Global Business Services, que em resumo, envolve a integração total de atividades de negócios de apoio em uma organização de serviços coerente e independente, com foco específico em processos de ponta a ponta.
A constatação é de que o CSC parece de fato ser um dos campos mais férteis para a aplicação de automação de processos, independente da abordagem utilizada, e possui o forte potencial de promover a verdadeira transformação digital.
Além disso, temos constatado que a criação e o patrocínio das melhores condições para uma jornada de transformação digital bem-sucedida, não necessariamente significará uma receita infalível de sucesso, talvez, seja no máximo um excelente guia de boas práticas, já que trata-se de uma travessia individual de cada organização, respeitando o seu momento, cultura e conscientização.
Mas uma coisa é fato, durante a transição do analógico para o digital, a máquina operacional das empresas continuará em pleno funcionamento e já que a hiperautomação é inevitável, por que não aprimorar o “guia de boas práticas” começando pelos processos e pelo alcance cross que o CSC proporciona naturalmente? A rapidez dependerá da sua maturidade, mas é garantido que você terá potencial de ir muito mais longe.
Saiba mais sobre como a automação inteligente está gerando valor para o CSC no nosso canal no YouTube.
Mario Oliveira
Head of Sales Lecom
Roberto Lima
CEO da Greenfive